Esses alimentos são um pouco como vinho: vale a pena investir um pouco mais para obter o melhor sabor e a melhor experiência.
Kelly Crosara e Guaíra Flor
Se você ainda tem dúvidas sobre o preço dos alimentos orgânicos, aqui vai uma explicação: esses produtos são um pouco como vinho — quanto mais conhecemos, mais nos apaixonamos e entendemos que qualidade é muito mais importante que quantidade.
Via de regra, começamos a tomar vinho experimentando uma daquelas versões superadocicadas, que dão a maior dor de cabeça. Com o tempo, entendemos que os secos e semi-secos são melhores, que existem diferenças nos sabores das uvas e, por isso, aceitamos pagar um pouco mais pela qualidade. Afinal, o sabor e a experiência passam a ser muito importantes.
Com os alimentos orgânicos acontece mais ou menos a mesma coisa. Experimentamos um ou outro por curiosidade e descobrimos que o sabor deles é muito mais intenso do que o dos legumes e verduras tradicionais. Depois, sentimos os efeitos deles no nosso organismo no curto, no médio e no longo prazos (leia a entrevista com a médica Bruna Ottani). Por fim, compreendemos que eles são os únicos a serem produzidos de uma maneira 100% sustentável. Por tudo isso, aceitamos pagar um pouco mais por eles. Afinal, o sabor, a experiência saudável e a sensação de estar colaborando com a preservação do meio ambiente passam a ser muito importantes.
POR QUE O ALIMENTO ORGÂNICO É MAIS CARO?
A maioria das pessoas ainda tem a idéia de que os alimentos orgânicos são diferenciados apenas pelo fato de não utilizarem agrotóxicos em sua produção. Entretanto, para estas iguarias chegarem até a mesa, elas passam por várias etapas que respeitam aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos garantindo um sistema agropecuário sustentável. Confira:
- A primeira das inúmeras exigências a qual o pequeno produtor rural deve se submeter para receber o certificado de produtor orgânico é não utilizar agroquímicos (adubos químicos, inseticidas e etc…) em sua propriedade, como explica o presidente da Associação Brasileira para a Agricultura Orgânica (Agro-Orgânica), Eber Diniz Alves de Lima.
- o sistema orgânico busca o equilíbrio do ecossistema para resultar em plantas mais resistentes a pragas e doenças. Os produtores utilizam, por exemplo, o rodízio de culturas e diversificação de espécies entre e dentro das lavouras, onde são aplicados cordões de contorno com plantas diversas. Esse método ajuda a preservar a plantação de qualquer contaminação, serve como quebra-vento e também protege o solo contra erosão.
- Segundo a Cartilha do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), neste tipo de agricultura também se pratica o plantio direto, sem que o trator limpe o solo da cultura anterior. Se utiliza ainda técnicas como a adubação verde, que contribuem para o enriquecimento da terra, fornecendo o equilíbrio necessário para a geração de alimentos saudáveis. Além disso, o adubo orgânico promove o desenvolvimento da vida no local, como minhocas, bactérias e fungos benéficos, que contribuem para o equilíbrio do sistema.
- Por não utilizarem produtos químicos que ajudam no crescimento e no amadurecimentos dos frutos e vegetais, os alimento orgânicos são sazonais. Eles nascem apenas algumas vezes por ano, na estação correta. E como pesticidas também são proibidos nesse tipo de cultura, ela exige muito mais dedicação e cuidado do pequeno produtor. Também por isso, os orgânicos terminam sendo um pouco mais caros que os produtos tradicionais, cultivados de maneira massiva, com o auxílio de agrotóxicos, hormônios e pesticidas.
- O presidente da Agroorgânica explica, ainda, que todo produtor certificado ainda “deve ter o cuidado com o uso racional dos recursos naturais, respeitar as questões sociais dos trabalhadores, evitar a intermediação de produtos, estar numa área com lençol freático livre de contaminação, dentre outras obrigações”.
Hoje, segundo Éber Diniz, existem mais de 200 produtores orgânicos no DF e entorno, com uma perspectiva de crescimento anual, na ordem de 50%. Mas eles só podem comercializar seus produtos com selo de orgânico se tiverem sido regularizados de uma das formas a seguir:
- Obter certificação por um Organismo da Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); ou
- Organizar-se em grupo e cadastrar-se junto ao Mapa para realizar a venda direta sem certificação.
Qual a diferença entre ter e não ter a certificação?
Quando o produtor se cadastrou apenas para venda direta sem certificação, não pode vender para terceiros, só na feira (ou direto ao consumidor) e para as compras do governo. Quando o produto é certificado, ele pode ser vendido em feiras, mas, também, para supermercados, lojas, restaurantes, hotéis, indústrias, internet etc.
VALE ESCLARECER
Todos os produtos da UBAIA têm certificado do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Somos parceiros da Agroorgânica e trabalhamos, hoje, somente com pequenos produtores rurais orgânicos do DF e entorno. Conheça nossas cestas de saúde.